O espetáculo Entretecer parte da ideia de que uma Manta Comunitária é o mesmo que Lugar, Paisagem, Geografia, Mapa.
No mesmo espaço e tempo coabitam as artes plásticas, a dança e o teatro, criando relações entre o real e o virtual, pensamentos construídos e sentimentos subjetivos, cores e movimentos, texturas e gestos, velocidades e registos gráficos... Neste ligar, os mapas.
Os mapas apresentam-se em formatos distintos, horizontais, verticais, invisíveis. São mapas da pele, contêm as dobras, os vincos, os riscos do tempo. São mapas de corpos, de roupas, de terra, de vozes, letras e sons. São mapas de nada, que se erguem e desaparecem, dependendo do ponto de vista, daquilo que se quer ver. Dos vários mapas-retalhos, que teia, que trama, que manta se constrói…
As imagens surgem como o vento, revelam outros lugares fora da cena, que pela experiência se inscreveram no corpo. Há um movimento de errância através desses lugares no e pelo corpo próprio dos performers. Orientação, desorientação e reorientação entre dois caminhos, o da cena e o da memória.
E sempre as perguntas: Como se constrói o lugar onde vivo e como isso me constrói a mim. Como contamino os lugares e como eles me contaminam a mim.
Entretecer é um projeto de Investigação e Criação, que utiliza a construção de uma Manta de Retalhos como conceito unificador e base metodológica. Desenvolveu-se no cruzamento entre a dança, o teatro e as artes plásticas, com uma participação ativa de várias comunidades, junto das quais os criadores desenvolveram pesquisa através de oficinas de experimentação artística.
Numa primeira fase foram envolvidos grupos de seniores de S. Torcato (Guimarães), de Lentiscais e de Taberna Seca (Castelo Branco), numa pesquisa em torno da construção da Memória e do Território e das relações entre Identidade Individual e Coletiva. Num segundo momento, esta pesquisa alargou-se a um grupo de crianças de S. Torcato, já que nas outras duas aldeias já não há crianças. As diferenças entre os dois lugares ultrapassam variantes geográficas e culturais, assumindo a paisagem de experiências destas pessoas todo o protagonismo nas suas singularidades e misteriosas teias de sentido.
O espetáculo multidisciplinar agora apresentado culmina este processo e dá forma a estes mistérios.
Estreado a 19 de outubro de 2012 no Cineteteatro Avenida em Castelo Branco
Espetáculos no Teatro da Beiras na Covilhã e no Centro Cultural de Vila Flor em 2012
Conceção e direção Maria Belo Costa
Interpretação Maria Belo Costa e Sílvia Ferreira
Conceção Plástica Lara Soares
Paisagem Sonora Defski
Vídeo e Design Gráfico Helder Milhano
Desenho de Luz Pedro Fonseca
Produção Executiva Celina Gonçalves
Produção Pé de Pano – Projetos Culturais, Quarta Parede – Associação de Artes Performativas da Covilhã
Coprodução: Centro Cultural Vila Flor, Câmara Municipal de Castelo Branco
Apoio: Junta de Freguesia de Castelo Branco